Um grande ator é imprescindível para o papel de outro ator, em crise, principalmente se for numa comédia!
Baseado em livro homônimo de Philip Roth, o filme mostra o
ator Simon Axler (Al Pacino, não sei por que não indicado ao Oscar) perdendo o
talento e a memória, depois de deixar seu corpo cair do palco e sua saúde
mental descer ladeira abaixo. Ao ser internado em uma clínica psiquiátrica, com
hilárias cenas de um tratamento que parece não surtir efeito, e fazer amizade
com uma mulher pavorosa, ele se enreda cada vez mais no que parece ser o fim da
linha.
Mas é ao voltar para casa que a comédia fica mais engraçada
e Al Pacino deslumbra com seu talento incrível. Aparece em sua vida a filha de
uns amigos antigos, Pegeen (Greta Gerwig), com metade da idade dele. Muitas
confusões vão sendo desfiadas com um quê de prosaico, natural na vida dele. A
cena do anestésico no veterinário é antológica.
Enquanto ele lida com problemas de trabalho, se aceita ou não
fazer um comercial, escrever suas memórias, voltar ao palco, querer ter um filho...
Vamos nos dando conta: o que de fato é real e o que se passa na cabeça perturbada
dele? O que é atuação do personagem e o que não é?
Uma fugaz semelhança com Birdman, lançado dois meses antes,
apenas no roteiro, por ambos terem um ator perturbado como personagem
principal, mas muito diferentes na forma, com diretores muito diferentes. Barry
Levinson faz uma comédia maravilhosa que pode ser vista de vários pontos de
vista, sempre risíveis.
Poucas vezes um livro foi tão bem adaptado ao cinema. Ainda bem!
Abraços,
Cristina Paraguassu