“Men, Women and Children”,
no original, com direção de Jason Reitman (o mesmo de “Juno”
e “Amor sem Escalas”) e adaptado para as telas de livro homônimo
–
traz uma leve semelhança com “Beleza Americana”, filme de
1999 dirigido por Sam Mendes, muito particularmente no que diz respeito às
relações interpessoais e aos desdobramentos existencialistas que
esse assunto faz vir à tona.
Essa iguaria da cinematografia americana serve bem ao
publico “teen” que deve degustá-lo sem
maiores restrições.
“Homens,
Mulheres e Filhos” é
um produto um pouco mais bem acabado, mas só um pouco mesmo, que aqueles filmes
das tardes na TV, reprisados exaustivamente, que alcançaram a
qualificação de 'filmes-sessão-da-tarde'. Os ícones da
cultura americana vão dando o tom, a saber:
Rede social – representada aqui pelo Facebook;
adolescentes – suas dores e delícias de serem o que são, adicionado a colheradas de conflitos
sobre suas existências;
ambientado em, ao que parece neste tipo de filme, seu habitat natural –
a high school; os games de última geração – os que se joga on-line com vários
participantes conectados; a egolatria. Até a música corrobora com a narrativa visual
pop. Mas quero sublinhar uma ou duas coisas neste filme...
Eis que temos um ator ícone de nossas deliciosas tardes
descompromissadas: Adam Sandler. Um Adam Sandler sério – pai de família, é
verdade, até porque aqueles tempos de galã de comedias românticas ficaram
lá
trás, nas sessões da tarde. Nada muito diferente
daqueles idos tempos, mas sim, mais sério.
Uma narração em off curiosamente falada com um
forte sotaque britânico (não por acaso feita pela atriz e
roteirista Emma Thompson), que me indago se tal escolha para a narrativa - esse
sotaque - foi proposital - talvez pretendesse um tom sóbrio à
historia. Um recurso que poderia ter sido explorado, utilizando-o de maneira
equânime mas, ao invés disso, concentra-se apenas no primeiro
terço do filme, 'esquece-se' de continuar pontuando o segundo terço,
voltando no terceiro terço somente. Não que se faça
tão
necessário assim, mas uma vez ali colocado, objetivava identificar
que a história se apoia a uma explicação científica. Explicação essa que
parte de um conceito de um cientista muito cultuado nos anos 60 e 70. E é
exatamente essa 'cientificidade' que faz a chave de ignição das
historias 'startar' o filme.
Temos ainda um J.K.Simmons mal aproveitado numa ínfima
participação; quem o viu em “Wiplash-Em Busca da Perfeição”,
pode questionar a parte que lhe coube nesse latifúndio. Uma Jennifer Garner travestida de
uma caricata mulher controladora, onde a rigidez do personagem está
mais evidenciada no acessório (o cabelo cuidadosa e
meticulosamente preso, os óculos...) que no principal.
Desde “American Beauty” a cultura
americana ganhou brinquedinhos tecnológicos, novos canais de comunicação
e/ou informação, tornando as relações afetivas, e por vezes as pessoas,
ainda mais complicadas. E tem mais, senhores. A dolorosa experiência
do 11 de setembro, entrando em uma rápida cena como se fosse um parênteses que não aprofunda; apenas faz uma menção a essa eterna ferida ainda aberta nas
vidas dos cidadãos americanos.
Bem, de 1999 pra cá, as águas rolaram e foram muitas debaixo
dessa ponte chamada cinema, mas entre um escorregão e outro, o filme pelo menos mantem a
coerência: a de causar a sensação de que já estamos há
quase duas horas vendo o desenrolar deste enredo. São 119 minutos.
Um longo longa. Muita história pra contar, muitos fatos delineando
a vida desses personagens, embora do final dos anos 90 até
então, as relações continuem com seus dilemas e crises
existenciais.
Entretanto, é nas telas dos smartphones, tablets e
afins, que surgem como cartelas, e na trilha sonora, que “Homens,
Mulheres e Filhos” ganha força!
Carmem Cortez