A noite de encerramento do 9º
Amazonas Film Festival foi marcada pelo ritmo esfuziante dos Bois de
Parintins: Caprichoso e Garantido, que invadiram palco e plateia do Teatro
Amazonas, fechando o festival em cores apoteóticas, azul e encarnado, como no
pastoreio. A cerimônia foi transmitida ao vivo pelo Amazon Sat e Canal Brasil.
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Show de Encerramento (foto DarioPR) |
Vamos aos filmes.Todos os que pude ver eram ótimos,e não fiquei
sabendo de ninguém que tenha achado algum filme ruim na programação. A seleção
dos títulos da mostra competitiva de longas estava tão equilibrada que a meu
ver a única falha do júri foi não ter dado um prêmio a cada um dos 8 filmes
concorrentes. No final, 5 filmes foram premiados e ficou uma leve sensação de
injustiça para com A Zebra (México),
Jorge Mautner (Brasil) e O Outro Filho (França) que, apesar de
ótimos, não levaram nenhum Voo na Floresta (nome do cobiçado e
belo troféu).
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Premiados e Jurados e Homenageados (foto DarioPR) |
Eis os grandes vitoriosos: Era
Uma Vez Eu, Verônica, filme pernambucano de Marcelo Gomes, faturou melhor filme e melhor atriz para Hermila
Guedes.Teddy Bear, filme
dinamarquês de Mads Matthiesen – que não consegui ver, mas quem viu adorou –
ganhou melhor filme do júri popular e melhor
diretor, derrotando Ken Loach, cujo The
Angels’ Share levou melhor roteiro para Paul Laverty. A Floresta de
Jonathas, o belo longa de estreia do amazonense Sergio Andrade, levou melhor
ator para Begê Muniz. Foi uma
surpresa benvinda.
Era Uma Vez Eu, Verônica era o
primeiro de minha lista must see. É um
filme denso, introspectivo, polêmico, magnífico! Merece todos os prêmios que já
recebeu e os que ainda virão. É (con)centrado numa única personagem, narrado em
primeira pessoa, e só uma atriz de grande envergadura poderia encarnar a dra.Verônica
sem comprometer a integridade do filme. Hermila É essa atriz que o personagem
demanda, tornando-se o grande trunfo do filme.
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Hermila Guedes em cena de Era Uma Vez Verônica (foto divulgação) |
Entre os curtas-metragens o grande vitorioso foi Linear, animação paulista de Amir
Admoni, que ganhou os prêmios Aquisição Canal Brasil e melhor curta nacional. O filme, de 2011, esteve no Anima Mundi Rio
e São Paulo e vem fazendo carreira vitoriosa em vários festivais. Já acumula
nove prêmios. O paulista A Mão Que Afaga
(adoro esse filme!) também recebeu dois prêmios: melhor roteiro para Gabriela
Amaral Almeida (que também dirige o curta) e melhor atriz para Luciana
Paes, que ganhou de Hermila Guedes,
que concorria por Quinha (PE), e de Fernanda Montenegro, que concorria por A Dama do Estácio – recebi o DVD das
mãos do diretor Eduardo Ades e já assisti. Gostei. Em breve sai a crítica –.
Penso que o júri achou que Hermila e Fernandona são “oconcur”. Eu também acho.
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Fernanda Montenegro em A Dama do Estácio (foto DVD-abertura) |
E agora, enquanto escrevo essa matéria, recebo a triste notícia
da morte prematura do querido Marcos
Paulo. Estive com ele até ontem em Manaus. Notei que não estava bem. Venho
acompanhando pela mídia o doloroso processo de deterioração de sua saúde. Deixo
registrada aqui minha solidariedade a todos os amigos e familiares,
principalmente a atual esposa Antônia Fontenelle, que quebrou o protocolo na cerimônia
de encerramento ao protagonizar um agradecimento especial ao Secretário de
Cultura. Marcos deixa uma bela e extensa obra televisiva, e aborta o sonho de
uma carreira cinematográfica promissora. Seu primeiro e único filme, Assalto ao Banco Central, de 2011, também
com Hermila Guedes, superou a dificílima marca de 1,9 milhão de expectadores no
circuito comercial, e vem fazendo bonito na TV por assinatura. Marcos Paulo
estava em Manaus prestigiando o festival e trabalhando na pré-produção de seu
segundo longa, o thriller policial Sequestrados, que teria 20% das
cenas rodadas no Amazonas. Ele chegou até a convidar o Igor Cotrim para um
papel. Espero que a produção do filme siga adiante. Era esse certamente o seu
desejo.
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Plateia na Noite de Encerramento com Marcos Paulo ao fundo conversando com Arthur Monteiro (foto DarioPR) |
Mas não posso encerrar essa matéria sem falar dos Curtas Amazonenses .. senão me enforcam
.. Então, A Última no Tambor faturou
melhor ator e fotografia. Et Set Era ficou
com melhor filme e atriz. Retratos de Manaus, de Sergio Cobelo (in memorian), ganhou melhor
documentário pelo júri popular e melhor roteiro documental. O filho de Sergio e co-roteirista Amaru Cobelo esteve no Festival representando o pai e recebeu emocionado os prêmios. Mas foi o Everton Macedo, de Parintins, o
recordista de Vôos na Floresta. Levou
três troféus por Chão Molhado, seu
primeiro curta. Estava feliz que nem pinto no lixo! Soube que comemorou até às 8h
da manhã na piscina do hotel ..
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Fachada Teatro Amazonas (foto DarioPR) |
O Festival terminou coroado de sucessos, mas sem deixar de lado
uma boa dose de polêmicas e algumas pitadas de fofoca. A imprensa de oposição
fechou o cerco denunciando que houve excessivos gastos com celebridades,
badalações e festas. (Terá sido por isso que não houve o tradicional desfile no
tapete vermelho?) Quem está acostumado a frequentar festivais de cinema sabe
que, como o próprio nome sugere, não se faz festival sem festas. E o Festival do Amazonas se esmera em receber
bem seus convidados. Verdade seja dita, é impossível não elogiar a quantidade e
a qualidade da alimentação, da hospedagem, das festas, do transporte, dos passeios
etc. É mister agradecer o carinho e a
atenção minuciosa da equipe de produção com os convidados. Sem dúvida, é um
festival cinco estrelas. Quanto às tais “denúncias”, o secretário Robério Braga
me concedeu ontem entrevista em que se defende e explica cada uma delas. Está
gravada aqui no celular. Prometo fazer a transcrição e postar em breve.
Abaixo a lista completa dos vencedores.
Grande abraço e até a próxima
.DarioPR
Manaus, 11/11/12
7º Concurso Amazonas de Roteiro: Strip Solidão de Flávia Abtibol
Mostra Competitiva Internacional de Longa-Metragem:
Melhor
Filme: Era Uma Vez Eu, Verônica, de
Marcelo Gomes (Brasil)
Melhor
Atriz: Hermila Guedes por Era Uma
Vez Eu, Verônica
Melhor
Ator: Begê Muniz por A Floresta de
Jonathas, de Sergio Andrade (AM/Brasil)
Melhor
Fotografia: Adam Stone por Compliance
de Craig Zobel (Estados Unidos)
Melhor
Roteiro: Paul Laverty, por The Angels’
Share, de Ken Loach (Reino Unido)
Melhor
Diretor: Mads Matthiesen por Teddy
Bear
Melhor
Filme Júri Popular: Teddy Bear (Dinamarca)
Mostra Competitiva de Curta-Metragem
– Brasil:
Melhor
Filme e Prêmio Aquisição Canal Brasil: Linear
(SP), de Amir Admoni
Melhor
Filme Júri Popular: A Galinha Que Burlou
O Sistema (SP), de Quico Meirelles
Melhor
Diretor: Nara Normande por O Dia
Estrelado (PE)
Melhor
Ator: Rafael Souza-Ribeiro por A Dama do
Estácio (RJ), de Eduardo Ades
Melhor
Atriz: Luciana Paes por A Mão Que Afaga
(SP), de Gabriela Amaral Almeida
Melhor
Roteiro: Gabriela Amaral Almeida por A
Mão Que Afaga (SP)
Melhor
Fotografia: André Brandão por Monumento (SP), de Gregório Ramos
Prêmio
Especial do Júri: A Cidade (RS), de
Liliana Sulzbach
Mostra Competitiva de Curta-Metragem
Amazonas - Documentário:
Melhor
Filme Juri Popular e Melhor Roteiro: Retratos
de Manaus, de Sérgio Cobelo (Manaus)
Melhor Filme,
Direção e Fotografia: Chão Molhado,
de Everton Macedo (Parintins)
Mostra Competitiva de
Curta-Metragem Amazonas - Ficção:
Melhor
Filme: Et Set Era, de Emerson Medina
e Rod Castro
Melhor
Diretor: Rafael Ramos dos Santos por A
Segunda Balada
Melhor
Atriz: Beatriz Beraldo por Et Set Era
Melhor
Ator: Breno Castelo por A Última no
Tambor
Melhor
Fotografia: Ricardo Araújo e Leonardo Mancini por A Última no Tambor
Melhor
Roteiro: Diego Nogueira e Caio Henrique por Póstumo
Melhor
Filme Júri Popular: Uma Doce Dama,
de Leonardo José Mancini